NO TALO #14

NO TALO #14

12 de julho de 2018 2117 Por Eddie Asheton

BOLLYWOOD, O SUCESSO!

Vários – Simla Beat 70 (1970)

Simla Beat 71 (1971)

 

https://www.youtube.com/watch?v=YeBsNmhT0Xo&t=371s

 

Achou que a associação entre cigarros e Rock’n’roll tinha começado com aqueles comerciais de Hollywood dos anos 80? Aqui no Brasil, pode até ter sido, mas já na Índia…

Nossa estória começa em 1968, quando a India Tobacco Company Limited realizou a primeira edição do “All-India Simla Beat Contest”. Simla era o nome do cigarro mais popular da tal companhia. O intuito do festival era revelar os novos grupos da onda Beat de toda a Índia. O negócio prosperou de tal forma que as principais bandas da terceira edição tiveram sua arte registrada em vinil. Isso mesmo! Saiu assim a coletânea “Simla Beat 70”, com as bandas Confusions, Dinosaurs, X’ Lents, Innerlite, Genuine Spares e Great Bear.

O curioso é que não há nenhuma referência mais explícita à música indiana propriamente dita nas dez músicas do disco. Tem até música grega, com a interessante versão de “Zorba’s Dance” feita pelo Innerlite. Tem também ótimas versões de “What’s going on” (Taste), feita pelos Genuine Spares, e de 2 músicas do Creedence Clearwater Revival: “Sinister Purpose”, pelos Dinosaurs, e “Born on the Bayou”, pelos X’Lents. As músicas próprias também são muito legais. As duas que abrem o disco, “Voice from the inner soul” e “You can’t beat it” são verdadeiras pérolas garageiras”!

E no ano seguinte veio o disco “Simla Beat 71”. Um pouquinho maior, dessa vez com 11 músicas tocadas por 8 bandas: The Fentones, Nomads, Hipnotic Eye, Mini Beats, Velvette Fogg, The Black beats, The Eruptions e Brood of Vipers. Esse segundo disco, por sinal, abre com a música tema do festival, “Simla Beat Theme”. As informações são escassas, mas eu imagino que a música tenha sido composta pela própria banda que a gravou, os Fentones. Destaque também para “I’m so glad”, na qual o Velvette Fogg se esforça para deixa-la o mais parecida possível com a versão do Deep Purple. E se saem muito bem nessa empreitada, principalmente no que diz respeito ao órgão. Dessa vez a banda “premiada” foi o Grand Funk Railroad, que teve duas de suas músicas regravadas: “Nothing is the same” e “Aimless lady”. Haveria mais uma edição do festival em 1972. Mas, por alguma razão, não foi lançado disco com seus participantes, assim como aconteceu com as duas edições anteriores. Uma pena…

 

Mais de uma vez eu me empenhei em pesquisas, caçando mais informações e músicas das bandas que participaram das duas coletâneas. Infelizmente essas buscas foram sempre infrutíferas. Só encontrei as mesmas gravações que aparecem nas duas edições do Simla Beat. Esta semana eu descobri no You Tube o documentário “Standing by”, do jornalista musical indiano Arjun S. Ravi. É um documentário bem inter

essante e extenso, dividido em 6 episódios num total de quase 3 horas. Ele retrata a entrada e evolução da música ocidental na Índia, desde o início do século passado, com o jazz, até os dias atuais. O segundo episódio fala rapidamente sobre o festival Simla Beat. Esse período é o mais interessante de

“Standing By”, mas vale muito a pena ver o documentário como um todo!

Dito isso, ouçam os discos. Assistam ao documentário. Sejam felizes!