NO TALO #8

NO TALO #8

31 de maio de 2018 1288 Por Eddie Asheton

DISCAÇO DISCAÇO!

Nazz – Nazz Nazz (1969)

 

 

O Nazz é um daqueles mistérios sem solução: ótimos músicos, ótimas composições… como não conquistaram o mundo e venderam milhões? Muito pelo contrário: surgiram e se desfizeram num curtíssimo espaço de 2 anos, sem causar grande estardalhaço, mas deixaram para a posteridade 3 álbuns irretocáveis, sendo que o terceiro na verdade são sobras das gravações do segundo disco. E é sobre esse segundo disco da banda que falarei agora.

A capa traz apenas uma foto meio mais ou menos da banda e o esquisito nome de Nazz Nazz. Talvez as capas sem graças dos três discos da banda tenham interferido de alguma forma na triste sina do quarteto. Mas se ignorar a capa feia e seguir adiante, botando o disco na vitrola, terás uma ótima surpresa. A entrada explosiva de Forget All About It pega qualquer ouvinte de jeito, com destaque para as viradas impossíveis do baterista Thom Mooney e a guitarra escandalosa de Todd Rundgren. O baixista Carson Van Osten e o tecladista e vocalista Robert “Stewkey” Antoni também fazem um belíssimo trabalho ao longo de todo o disco.

O Nazz foi formado na Filadélfia, Estados Unidos, mas ao ouvir o seu som você jura com os pés juntos que é uma banda inglesa. Impossível não perceber a paixão dos rapazes por bandas inglesas da época como o Cream e os Beatles, principalmente no seu lado mais McCartniano. Talvez seja por isso que o segundo disco da banda soa tão intenso, já que tiveram a oportunidade de gravá-lo no país natal de seus maiores ídolos. A agitação é palpável em todos os sulcos da bolacha. No meu caso eu consegui pegar uma reedição em vinil vermelho pela improvável bagatela de uns 30 reais.

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O disco de estréia de Rundgren e companhia já trazia pesos pesados como Back of Your Mind, Wilderness Blues e She’s Going Down. Mas o disco talvez desagrade alguns pelo fato de alternar essas pedradas com algumas baladas meio água com açúcar, o que dá uma certa sensação de montanha russa. Baladas bonitas, mas ainda assim água com açúcar. Realmente confunde um pouco numa primeira ou segunda audição. Já em Nazz Nazz a coisa muda de figura: é um disco mais focado no rockão, com destaque para a já citada música de abertura, além de Under the Ice e Hang on Paul. A excessão a tanto peso e intensidade fica para as duas últimas músicas do disco: Letters don’t Count, com seus lindos violões, e a colcha de retalhos de A Beautiful Song.

Como eu disse antes, o terceiro disco da banda, com o criativo nome de Nazz III (bom, antes isso do que Nazz Nazz Nazz!) na verdade é formado por sobras do segundo disco. Isso porque pelos planos originais da banda Nazz Nazz seria um álbum duplo, mas nessa época esse era um luxo pra pouquíssimos artistas, só para os muito grandes (Beatles e Bob Dylan) ou os muito ousados (Mothers of Invention). Vale dizer que o material que acabou no Nazz III não fica muito atrás do que foi lançado oficialmente em Nazz Nazz, no ano anterior. Ou seja: seria um tremendo de um discaço duplo!

Em 1969 já estava tudo acabado para o Nazz, infelizmente. Dos 4 músicos da banda o único que conseguiu destaque após o fim da banda foi o guitarrista, Todd Rundgren. No começo dos anos 70 vendeu bem na sua carreira solo e com a banda Utopia, e além disso construiu uma sólida carreira como produtor. E anos depois ficou famoso também por ser padrasto da Liv Tyler, que até a adolescência achava que Todd era o seu pai.

Fofocas à parte, fica aqui a dica de uma grande banda. Ouça Nazz Nazz e também os outros discos da banda! Esqueça as capas feias, quem é ou não é pai de quem, e caia dentro!